segunda-feira, abril 02, 2007

About sunglasses and invisibility.


Eu não tenho óculos escuros. Mas fazem falta. Usar óculos escuros é como ser invisível, alheio a tudo que passa em torno. Você está lá, mas, veja bem, não está. As pessoas olham, curiosas: "Está olhando para mim?", "Dormindo?", "Foi uma piscadela?", "Ah, olhos azuis, com certeza!".

Na verdade, poder olhar tudo em volta sem que ninguém saiba que você está olhando é simplesmente sensacional. É como ser O Grande Irmão (do livro 1984. Evitei usar big brother), que pela teletela tudo vê, tudo sabe, tudo informa, tudo ensina. O problema é se empolgar e achar que está invisível de verdade. O que pode durar pouco tempo, mais ou menos até o dia que aquela senhora do ônibus lhe disser: "Pára de cutucar o nariz!".

Há o outro lado. Óculos irritam. E muito. Tente conversar mais de 10 minutos com alguém que esteja usando óculos escuros. Não se vê nada além de seu próprio reflexo. Dependendo do interlocutor, é até melhor conversar com sua própria figura no espelho. Pois é, a pessoa pode estar lá, tirando uma soneca homérica. E você, empolgado, só percebe que ela já passou o R.E.M. no momento em que ouve um sonoro e legítimo ronco. Ou quando a baba chega no queixo. Ou quando ela chuta o ar inconsciente, como se sonhasse ser Romário em busca do gol mil, Bruce Lee na última voadora, um cão se coçando. Sei lá. Cada sonho maluco...

Mesmo assim, óculos são fashion. Há aqueles que não os tiram por nada. Nem no metrô, veja só! E há aquelas (aqueles também) que os usam como tiara, prendendo o cabelo. Ou como colar, estilo pagodeiro dos anos 90.

Fato é que óculos escuros são indispensáveis. E eu preciso comprar um logo. Não por esses motivos acima. Mas porque tem feito um sol f.d.p.!

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