quarta-feira, abril 04, 2007

São Paulo, cidade do sacolejo.


Não, São Paulo não é a cidade do samba, como o título pode indicar. Tem ótimos sambistas, mas o sacolejo mais famoso de Sampa não vem do samba. É, o sacolejo nosso de cada dia está nas ruas. Aliás, são as ruas. Experimente pegar um ônibus em São Paulo: parece mais um brinquedo do Playcenter, tipo um La Bamba (era esse o nome?) - sacode pra cá, sacode pra lá. O maior desafio é tentar ficar em pé. Ainda mais com alguns motoristas aí, que parecem estar carregando uma carga de areia. Acelera antes de parar, freia em cima enquanto faz a curva...

O pior de tudo são os ônibus caindo aos pedaços, com aqueles assentos de plástico meio acinzentado (sabe-se lá que cor é aquela. Eu chamo de cinza-ônibus), com as janelas riscadas com nomes de torcidas.

Se você conseguir abstrair tudo isso (o que é fácil, após 2 semanas), andar de ônibus pode ser muito engraçado. Amigas fazendo confidências, como se ninguém as ouvisse, têm aos montes! E motorista brigando com cobrador, então? Perdi a conta já! Muleques metidos a malacos batucando atrás do seu banco. Idosos dando indiretas em quem não cedeu o lugar, conversando com o colega ao lado, tipo "É, no meu tempo, as pessoas tinham mais cortesia..." e daí em diante.

(Aliás, mudando de assunto, numa rápida digressão, só em um país como o Brasil mesmo é necessário a diferenciação de assentos destinados a pessoas deficientes, idosos, gestantes, etc. Um mínimo de civilidade e isso não seria necessário. Quem nunca viu gente disfarçando, fingindo que está dormindo para não ter que levantar? É triste, mas acontece.)

Mas, voltando às ruas de São Paulo, elas andam tão esburacadas que finalmente os off-road de asfalto (CrossFox, Palio Adventure, etc) estão tendo alguma utilidade. Pior que outro dia me contaram que o asfalto de São Paulo é um dos melhores do mundo. Ah, tá!
Durma-se com um barulho desses!

segunda-feira, abril 02, 2007

About sunglasses and invisibility.


Eu não tenho óculos escuros. Mas fazem falta. Usar óculos escuros é como ser invisível, alheio a tudo que passa em torno. Você está lá, mas, veja bem, não está. As pessoas olham, curiosas: "Está olhando para mim?", "Dormindo?", "Foi uma piscadela?", "Ah, olhos azuis, com certeza!".

Na verdade, poder olhar tudo em volta sem que ninguém saiba que você está olhando é simplesmente sensacional. É como ser O Grande Irmão (do livro 1984. Evitei usar big brother), que pela teletela tudo vê, tudo sabe, tudo informa, tudo ensina. O problema é se empolgar e achar que está invisível de verdade. O que pode durar pouco tempo, mais ou menos até o dia que aquela senhora do ônibus lhe disser: "Pára de cutucar o nariz!".

Há o outro lado. Óculos irritam. E muito. Tente conversar mais de 10 minutos com alguém que esteja usando óculos escuros. Não se vê nada além de seu próprio reflexo. Dependendo do interlocutor, é até melhor conversar com sua própria figura no espelho. Pois é, a pessoa pode estar lá, tirando uma soneca homérica. E você, empolgado, só percebe que ela já passou o R.E.M. no momento em que ouve um sonoro e legítimo ronco. Ou quando a baba chega no queixo. Ou quando ela chuta o ar inconsciente, como se sonhasse ser Romário em busca do gol mil, Bruce Lee na última voadora, um cão se coçando. Sei lá. Cada sonho maluco...

Mesmo assim, óculos são fashion. Há aqueles que não os tiram por nada. Nem no metrô, veja só! E há aquelas (aqueles também) que os usam como tiara, prendendo o cabelo. Ou como colar, estilo pagodeiro dos anos 90.

Fato é que óculos escuros são indispensáveis. E eu preciso comprar um logo. Não por esses motivos acima. Mas porque tem feito um sol f.d.p.!