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quarta-feira, fevereiro 09, 2011

O que você estará fazendo daqui cinco anos?


O que você estará fazendo daqui cinco anos?


Terminando o último ano do colégio, da faculdade, do mestrado, do pós-doutorado? Decidindo se vai estudar Medicina ou Artes do Corpo? Ou se arrependendo de ter feito Ciências da Computação? Entrando na igreja pra casar com o/a namorado/a recente, desconhecido/a, antigo/a, de infância? Ou dizendo não no altar? Tendo o primeiro, o segundo, o terceiro, o quarto filho? Ou decidindo que não quer ter filhos e que é isso mesmo? Sendo promovida/o para o cargo que você tanto queria? Adorando cada dia de trabalho, como se fosse o primeiro? Trabalhando no mesmo lugar, apesar de sofrer diariamente com isso? Trocando de profissão, buscando algo que a/o faça feliz? Enchendo a cara todos os dias para aturar o trânsito, a poluição, as responsabilidades, a pressão, a rotina? Reencontrando velhos amigos que há cinco anos você não vê?


O que você estará fazendo daqui a cinco anos? É isso mesmo que você quer? Você pensou, planejou, refletiu e decidiu isso para você?


Tudo que acontece em nossas vidas é nossa única e exclusiva responsabilidade. É fácil deixar-se levar com o auto-engano do cérebro ativado e descobrir milhares de motivos que confortam e justificam as coisas que não aconteceram do jeito que a gente queria. A verdade é que tudo o que acontece é fruto direto de uma decisão tomada em algum momento. Daqui a cinco anos você pode estar fazendo algo que você quer muito ou pode simplesmente estar sendo levada/o pela rotina. E a rotina é uma merda. Ela limita, tira o foco, domestica seus instintos, desvirtua suas vontades, faz até mesmo você pensar que quer algo que, na verdade, você nunca nem desejou.


Vivamos, sobrevivamos, sigamos em frente – porque não há outro caminho a seguir. Mas paremos, pensemos, reflitamos. A vida é nossa, as decisões são nossas. Ninguém pode decidir por nós. Daqui a cinco anos talvez não nos importemos mais com tudo isso, talvez não saibamos mesmo o que queremos e... a vida é assim mesmo, paciência. Talvez daqui a cinco nem nos falemos mais. Ou, quem sabe, em cinco anos, provaremos o contrário e nos encontraremos para tomar um açaí com goiaba ou um chopp gelado. E o assunto desse nosso encontro dependerá das decisões que estamos tomando hoje.


Trilha sonora sugerida: Noah and The Whales performing ‘5 years time’:






sábado, setembro 11, 2010

London Skies.


Londres, a cidade cinza. Pelo menos essa é a imagem mental coletiva que prevalece quando se fala da cidade construída às margens do Rio Tâmisa. Mas... há sempre um "mas". Em determinados momentos, essa realidade cinza não se confirma e o céu londrino deixa de fazer jus à sua fama "monocolorida". Essa é a impressão que tenho agora. Depois de um mês morando aqui, já vi verdadeiras pinturas no céu de Londres.

Na minha imaginação, há uma artista maluca (somente uma mulher poderia conhecer tantas cores) que mora entre as nuvens e o Sol, e que, entre uma pancada de chuva e outra, pinta seus delírios coloridos nas brancas nuvens que se destacam sobre o fundo azul. As nuvens são suas telas, o azul do céu a moldura para suas pinturas.


O verão londrino me surpreendeu: dias nublados e frios seguidos de dias de céu ensolardo e nuvens pintadas em tons que variam do amarelo ao violeta, passando pelo laranja e o vermelho.


Em um dia ensolarado, sem nenhuma nuvem, o céu pode até mesmo adotar a cor verde-clara, só para melhor emoldurar o Big Ben.


O cair da noite também surpreende. Diferente do que ocorre na cidade de São Paulo, que matou o horizonte com seus inúmeros prédios e tanta poluição, olhar o céu de Londres durante o crepúsculo permite acompanhar o ocaso do dia e a chegada da noite, em tonalidades de azul e verde.


Ok, tecnicamente, ainda é verão por estes lados (sim, tecnicamente, pois o verão aqui é bastante frio para os padrões brasileiros) e o inverno será MUITO diferente. Mas, por enquanto, mesmo nos dias de chuva, o céu teima em surpreender.


Espero que eu possa também vir a admirar o inverno londrino. Talvez eu consiga, inspirado por Jamie Cullum na música London Skies:
Nothing is certain except everything you know can change
You worship the sun but now can you fall for the rain...

sábado, julho 31, 2010

Voei.


23h15, 28 de Julho de 2010, embarquei no voo JJ 8084 com destino a Londres.

Era o início de uma viagem que planejei durante dois (longos) anos. É possível imaginar o quanto ansioso e excitado eu estava naquele momento.

As aeromoças todas sorridentes e receptivas, como sempre o são. Mas, na minha interpretação, elas sorriam de um modo especial, apenas para mim, como se compartilhassem da minha alegria. Eu podia imaginá-las pensando, em aprovação: "é isso aí, chegou a hora pela qual você tanto esperou".

O simples entrar no avião foi algo cheio de significados. E, por essas coisas do acaso, para coroar o momento, a música ambiente que tocava no avião, logo que me sentei na poltrona 29 K do Boeing 777, era 'Rondó do Capitão', dos Secos e Molhados.

Os versos ecoaram em meus ouvidos, reverberando nos sentimentos que me sufocavam depois da recente despedida de pessoas tão queridas. A despedida foi como toda despedida acaba sendo: carregada de emoção.

Ao ouvir a música, o coração continuou apertado. Mas tudo pareceu fazer algum sentido.

Senhor Capitão, tirai esse peso do meu coração. Não é de tristeza, não é de aflição. É só de esperança, Senhor Capitão!

quinta-feira, julho 22, 2010

Pensamentos de uma noite escura.


Revirando meu caderno de anotações, encontrei esse rascunho, escrito no dia do apagão, em novembro de 2009.

Talvez seja intempestivo, como de fato quase tudo o é nesses dias de conectividade absoluta e ininterrupta. Mas essas palavras tem a sua importância (ao menos para mim).

* * *

(23h27, 12 de novembro de 2009)

1. Estou aproveitando o apagão (e o refluxo) para escrever, porque só ouvir rádio e pensar não está funcionando.

2. Eu estava voltando para casa, na Rua França Pinto, quando tudo apagou. O mais estranho é que alguns carros parados na rua começaram a apitar o alarme no exato mesmo segundo em que o apagão aconteceu. Não entendi nada. Na hora, achei até que tivesse sido uma descarga elétrica, algo localizado na região, porém, na sequência, já imaginei algo maior, porque a rua estava muito escura. Só depois foi entender o que estava acontecendo, quando liguei o rádio.

3. Há 10 anos (em 1999) aconteceu a mesma coisa (mas eu tava na Nova Zelândia!). O pessoal da oposição deve estar comemorando, pensando em usar isso contra a Dilma no ano que vem (em 2010). [Nota de Atualização: acho que usaram mesmo esse episódio um pouco, mas nada que tenha abalado a canditatura Dilma]

4. Tem uma doida na rádio viajando na maionese, dizendo que a culpa é do Lula, que reduziu o IPI da linha branca; tinha que ser carioca! (haha, nada contra, adoro o RJ. É que o sotaque dela é exageradamente exagerado).

5. Acabei de ouvir que o problema é em Itaipu. Só podia. O Brasil depende demais dessa usina hidrelétrica.

6. É engraçado. Na hora que a luz apagou de vez aqui em casa (demorou quase 30 minutos depois do primeiro apagão), eu logo pensei nas pessoas que mais gosto e que me fazem falta, mas não consegui falar com ninguém. Nem os celulares estão funcionando. [N.A.: o que era um tanto óbvio, mas que não pensei no dia]

7. Impressionante como somos absolutamente dependentes da energia elétrica. Faz cerca de um mês eu andei pensando exatamente nisso: como seria difícil viver sem energia elétrica hoje em dia. Tudo, tudo!, funciona por conta da energia elétrica... Mas é óbvio que, pior do que ficar sem luz, é ficar sem água. Daí não tem condições, definitivamente.

8. Escrevendo à luz de vela. Acho que nunca havia feito isso. E estou torcendo para a luz não voltar e ninguém precisar ir trabalhar amanhã... [N.A.: A luz voltou...]

9. Agora começam as hipóteses: foi em Itaipu. Não sabem o porquê ainda. Estão dizendo ser fator externo (tempestades). Já está todo mundo correndo pra dizer que não tem nada a ver com o apagão de 1999 e o racionamento de 2001.

10. Nessas horas faz falta o computador e estar conectado. Aí dá pra questionar se estamos desaprendendo a ficar sozinhos, pois a toda hora podemos estar online, conversando com algúem. Pode passar a falsa impressão de estarmos acompanhados. O que é, sim, verdade. [N.A.: essa frase não está fazendo sentido. Pelo menos, não mais. Mas na época devia dizer algo. Bom, ficará aqui registrada]

* * *

Foi preciso que acabasse a energia elétrica para que naquela noite eu fugisse da rotina e, então, resolvesse me ouvir. E foi preciso que o James Siqueira escrevesse esse texto para que eu encontrasse o rascunho acima e o postasse aqui.

domingo, janeiro 10, 2010

Minicontos No Abecedário.



Só cheguei até o F, por enquanto. Mas vou até o fim.

A - Ah, assim as aves acabam avançando! Atenção! Antes, adiante-se.

B - Besteira boa balbucia-se baixinho. Boca beija, batom borra.

C - Cada conquista conta. Conte-me: como conseguiu?

D - Desejos diretos. Dá-me delírios, deixo-te à deriva. Dedos descem devagar; descem demais. Desista de dormir...

E - Enquanto esvaziávamos estantes, escondeu-se. Encontraram-na entre exuberantes edifícios. Ela, esquecida e estática. Eu, emocionado.

F - Fatos furtivos. Felizmente, foi fácil fazê-lo falar. Fumando futilmente, fantasiou fábulas familiares e finalizou: "Facas furam fundo...".

quarta-feira, março 25, 2009

Somos Reféns do Tempo (?)


Acorda. Toma um café e lê o jornal, esperando o pão esquentar na torradeira. Morde o pão com manteiga e vai mexendo o suco, pra misturar com o açúcar. Lava a louça, enquanto ouve as mensagens de voz deixadas no celular. Escova os dentes e mija (ao mesmo tempo). Coloca as meias e os sapatos folheando o jornal. Desce no elevador, lendo no celular os e-mails enviados de madrugada pelo chineses. Dirige o carro, no trânsito de sempre, ouvindo as notícias no rádio e brigando com a ex-esposa ao telefone. Sobe no elevador, lendo no celular mais e-mails, que nunca param de chegar. Liga o computador e vai explicando pra secretária que ela precisa desmarcar aquela reunião das 13h. Conversa com o cliente pelo telefone, enquanto responde a alguns e-mails e faz gestos com as mãos para o estagiário bater cópia dos documentos. Analisa os contratos de fornecimento e assina cheques. Almoça em 5min, porque tem consulta médica na hora do almoço. Atrasa-se para a consulta. Na sala de espera continua on-line, lendo seus e-mails no celular. O diagnóstico é grave. E ele ainda se pergunta por quê?

domingo, dezembro 07, 2008

Jorge Elias Não Era Mau.


Jorge Elias não era mau. Não. Ele tinha um lado sádico que o incentivava a fazer coisas que o enchiam de satisfação. Gostava de sair com o carro em dia de chuva para passar pelas poças d'água e molhar as pessoas nas paradas de ônibus. Sentia prazer nisso. Imaginava os xingamentos que lhe eram dirigidos e as pessoas molhadas se atrasando para os compromissos. Seus dias eram sempre parecidos: acorda, desjejum, banho, jornal, TV, almoço, entrevistas para empregos, boteco, cerveja, bilhar, janta, banho, cama. A ordem variava de dia a dia, para não cair na rotina, como ele muitas vezes repetia. Nem sempre ele aparecia nas entrevistas, pois achava perda de tempo. Com apenas vinte e um anos, era óbvio que ainda não tinha a experiência exigida para a maioria das vagas. É bem verdade que nunca se esforçou para obter uma qualificação profissional, mas já havia trabalhado em inúmeros lugares: fora entregador de remédios de uma farmácia (mas teve que ser demitido pelo "sumiço" de vários medicamentos tarja preta), também trabalhara como Office boy de uma firma de advogados (mas sua demissão foi inevitável após tomar os iogurtes que o patrão guardava na geladeira da copa) e ainda tinha experiência como garçom em um bar (mas foi tão pouco tempo que quase não deu tempo dele aprender nada).

Naquela manhã, porém, Jorge Elias acordou do avesso. Não sem motivo: a noite tinha sido agitada, com sonhos estranhos. Alguns reveladores, outros beirando o pesadelo. A camisa molhada era indício da aflição que durou toda a suada noite. Levantou-se num susto e pulou da cama, em direção ao banheiro. Sua mãe até estranhou, pois o desjejum já estava na mesa. Menino atrevido, além de ficar o dia todo na rua, agora vai dar de não tomar café pela manhã? Ah, mas se o pai dele ainda fosse vivo... Dona Clarice fazia vistas grossas para a vida desregrada de seu filho, um pouco por sentir-se impotente, um pouco por projetar na ausência do pai as razões para o filho ser do jeito que era, aliviando a culpa que sentia. Jorge Elias, então, passou voando pela cozinha, beijou a mãe de passagem e saiu. Volto só à noite, se despediu. A mãe nem mais ficava animada. No começo achava que o filho ia arranjar algo logo, mas depois de quatro meses de sai-de-manhã-e-volta-de-noite, sem nenhum sucesso, já não sabia mais o que pensar.

Jorge Elias saiu e foi para a rodoviária. Passou na bilheteria e, ofegante, pediu Uma passagem para Bertioga, faz favor? Havia juntado os trocados que ficavam no vaso da mesa de jantar da sala com o pouco que guardava na bagunça de seu quarto. E quem disse que ele foi fazer algo especial, algo de outro mundo, algo divino? Ele só havia sonhado com o mar e queria conhecê-lo. Daquele dia não poderia ter passado, como, de fato, Jorge Elias não deixou passar.

terça-feira, março 11, 2008

Sobre a sua vida e a minha.


Ele queria sair para passear, mas esqueceu que seu medo do sol não o permitia sair por aí. A verdade é que não é todo dia que o dia amanhece promissor.

quarta-feira, abril 04, 2007

São Paulo, cidade do sacolejo.


Não, São Paulo não é a cidade do samba, como o título pode indicar. Tem ótimos sambistas, mas o sacolejo mais famoso de Sampa não vem do samba. É, o sacolejo nosso de cada dia está nas ruas. Aliás, são as ruas. Experimente pegar um ônibus em São Paulo: parece mais um brinquedo do Playcenter, tipo um La Bamba (era esse o nome?) - sacode pra cá, sacode pra lá. O maior desafio é tentar ficar em pé. Ainda mais com alguns motoristas aí, que parecem estar carregando uma carga de areia. Acelera antes de parar, freia em cima enquanto faz a curva...

O pior de tudo são os ônibus caindo aos pedaços, com aqueles assentos de plástico meio acinzentado (sabe-se lá que cor é aquela. Eu chamo de cinza-ônibus), com as janelas riscadas com nomes de torcidas.

Se você conseguir abstrair tudo isso (o que é fácil, após 2 semanas), andar de ônibus pode ser muito engraçado. Amigas fazendo confidências, como se ninguém as ouvisse, têm aos montes! E motorista brigando com cobrador, então? Perdi a conta já! Muleques metidos a malacos batucando atrás do seu banco. Idosos dando indiretas em quem não cedeu o lugar, conversando com o colega ao lado, tipo "É, no meu tempo, as pessoas tinham mais cortesia..." e daí em diante.

(Aliás, mudando de assunto, numa rápida digressão, só em um país como o Brasil mesmo é necessário a diferenciação de assentos destinados a pessoas deficientes, idosos, gestantes, etc. Um mínimo de civilidade e isso não seria necessário. Quem nunca viu gente disfarçando, fingindo que está dormindo para não ter que levantar? É triste, mas acontece.)

Mas, voltando às ruas de São Paulo, elas andam tão esburacadas que finalmente os off-road de asfalto (CrossFox, Palio Adventure, etc) estão tendo alguma utilidade. Pior que outro dia me contaram que o asfalto de São Paulo é um dos melhores do mundo. Ah, tá!
Durma-se com um barulho desses!

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Uns versos perdidos (ou noite insone).


A noite passou em claro
e pensei no nada.
Noite clara noite.
Andei pensando na vida
e pensei no nada.
Foi aí que descobri
o sentido de tudo:
sentido não há,
isso lhe digo.
Mas não foi preciso pensar;
sei pois vivo.